
“Outwardly, I was everything a well-brought up girl should be.
Inside, I was screaming.”
O fato de eu estar sempre sorrindo não quer dizer nada. Eis uma das minhas maiores virtudes: nunca transparecer. Confesso que é, demasiadamente, cansativo guardar tudo comigo. Isso não é ruim de tudo, na verdade tem algumas vantagens que me fazem gostar. Mas as desvantagens são avassaladoras.
Ora, entenda bem, isso não é um lamento. Eu gosto de ser assim. Prefiro me ferir toda vez que abro um belo e falso sorriso do que ter que me expor. E muitas vezes ter que extravasar sentimentos que são meus e que não tenho encargo de dividir com ninguém.
Hora ou outra é um pouco sufocante, mas nada que eu não suporte.
Acho dispensável ter alguém pra me ouvir e esse direito me é indispensável.
O fato de estar sempre cercada de pessoas e nunca ouvir de nenhuma delas palavras que realmente importam traz certo comodismo seguido de um vazio brutal. E uma vontade insuportável de gritar tudo que carrego aqui dentro. Mas, o medo de me expor ainda se sobrepõe a qualquer desejo.
Convenhamos que enfrentar nossos medos e a nós mesmos são tarefas árduas. E a maioria das pessoas foge de seus medos e do ‘confrontar-se’.
Meus medos assemelham-se aos meus defeitos e qualidades, estão entranhados. E quando a minha boca se cala, meus olhos inquietos falam por ela, revelando tudo o que sou e às vezes o que sinto. Mas tenho sorte de ainda não ter encontrado alguém com sensibilidade suficiente pra perceber isso. Na realidade ninguém tem essa obrigação e eu até prefiro assim.
Prefiro que continuem contemplando a minha dor pelo intenso brilho dos meus olhos e pela beleza estonteante que carrego no sorriso. Mesmo sem sentir, mesmo sem notar, apenas contemplem.